segunda-feira, 12 de março de 2012

Feitiço do Tempo - Reflexões sobre o filme

Acabei de assistir ao filme Feitiço no Tempo, aqui em casa. O filme é antigo, de 92, porém, poder-se-ia fazer uma ótima reflexão a respeito dele, em relação ao que venho estudando de Aristóteles e ao que acredito sobre felicidade.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay


          A história é sobre um repórter do tempo que vai fazer uma cobertura a respeito do Dia da Marmota, festividade tradicional que ocorre ao dois de fevereiro em uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Ele, um cinegrafista e uma auxiliar. O problema é que ele não dá a mínima para aquilo, pois vive de mal com a vida e só pensando em si. Então, ele faz o que tem que fazer e se encaminha, com seus dois colegas de trabalho, de volta para casa. Contudo, contrariando as expectativas climatológicas que ele mesmo havia anunciado pouco tempo atrás, uma frente fria se estabelece na região e a estrada é bloqueada, obrigando-os a passar mais uma noite na tal cidade. Contrariado, volta sozinho para o hotel e dorme. Então, quando acorda, estranhamente, todos os acontecimentos do dia anterior voltam a se repetir. E no dia seguinte o mesmo ocorre, e no seguinte, e no seguinte. E, assim, ele passa inúmeros dias revivendo o tão odiado Dia da Marmota que ele tanto queria se ver livre.
          No início, ele faz de tudo para se ver livre da maldição, coisa que qualquer um faria. Em seguida, quando descobre que, não importa o que ele fizer, no outro dia não verá as consequências de seus atos, ele começa a tirar vantagem disso. Sai de carro bêbado e loucamente por aí, se envolvendo com a polícia; beija a velhinha que lhe recepciona no café da manhã; dá um soco na cara do homem que lhe chateia quando está a caminho da reportagem; etc. Ou seja, passa a viver cada dia como se fosse o único.
          Em seguida, ele descobre que pode tirar vantagem da repetição de seus dias para conseguir o que quer. Por exemplo: sabendo exatamente qual a sucessão dos fatos, pôde calcular cada passo para roubar um malote de dinheiro de dois guardas velhinhos que se distraiam com uma senhora. Outro exemplo: descobriu que poderia levar uma mulher para cama facilmente, pois, se algo na conquista falhava em um dia, no outro a mesma conquista era aplicada, porém com o erro consertado. No entanto, ele se descobre atraído por Rita, sua assistente, porém não consegue levá-la para cama, por melhor e mais aperfeiçoada que fosse sua conquista. O que se entende é que ela é do tipo que só se apaixonaria por alguém que não fosse tão egoísta, e ele sempre acabava a deixando ver que ele não era desse tipo. Por fim, ele se cansou, e desistiu disso. Por alguns dias se matou, mas sempre acordou da mesma forma na manhã seguinte.
          Então, veio uma fase em que ele desistiu disso tudo. E parece que buscou uma vida mais tranquila, de auto aperfeiçoamento. Encontrou uma professora de teclado e começou a ter aulas todos os dias. E o mesmo em relação a outras artes. Aparentemente, eram coisas que ele sempre quis fazer e nunca tinha tido tempo. Ou seja, ele estava convivendo consigo mesmo, aceitando seus dias, por piores e repetitivos que fossem. Não mais tinha que se preocupar tanto com o amanhã, porém não mais tomava atitudes agressivas em relação aos outros.
          Um dia deu um maço de dinheiro enorme para um mendigo que sempre lhe pedia dinheiro. Nesse mesmo dia (ou em outro repetido), encontrou-o à noite tremendo de frio. Resolveu levá-lo ao hospital. Logo veio a notícia de que ele havia morrido, morrido de velho. Consternado, fez inúmeras tentativas, nos dias seguintes, para que o velhinho não morresse, mas não conseguiu: aquele parecia mesmo ser o seu dia. Nos dias seguintes, mostrou-se muito mais altruísta, ajudando quem pudesse ajudar.
          Ao fim do filme, o personagem havia se tornado um "super homem", dotado de muitos talentos, não mais necessitando conquistar um amor (mas amando e sendo amado por uma atração criada naturalmente, devido às características atrativas de um para o outro reciprocamente) e, finalmente, eu diria, FELIZ. Quando tudo se completa, e, finalmente, ele passa a noite na companhia de seu amor, o dia passa, e ele acorda no dia seguinte.
          O mais interessante que achei foi que as características que o personagem adquiriu ao fim do filme eram mais do que a de um homem altruísta e feliz, mas de um homem feliz conforme a concepção de Aristóteles.


          Bom, meus amigos, é um filme antigo, mas bem bom de assistir. Espero que eu não tenha viajado muito nos simbolismos, hehe. Obrigado por acompanharem minhas publicações. Graças a vocês que continuo escrevendo. Até mais!