quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Mosca na Janela

Parece estúpido, mas me peguei hoje filosofando acerca de uma mosca que batia insistentemente contra o vidro, numa tentativa frustrada de o atravessar. Acho que comecei a pensar sobre o assunto para desviar minha raiva de não estar conseguindo descansar por causa do barulho enfadonho que fazia.

Imagem de Ian Lindsay por Pixabay.


O que pensei foi o seguinte, tão simples e claro: esse é um exemplo marcante de como os animais comportam-se como máquinas (pensamento mecanicista), com variáveis dependentes e independentes. Aquela mosca tão tola não era capaz de entender que, apesar de estar enxergando o outro lado, ali existia uma barreira praticamente invisível. Seria muito mais fácil voar um metro mais pela direita e passar pela enorme abertura da janela. Mas ela não tinha essa capacidade mental. Continuou ali por tempo indeterminado, incomodando-me, até... [Saiu voando na direção oposta] ...até que as variáveis mudassem e, assim, seus desejos, suas intenções, também. [E foi a última vez que a vi].




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Como votar buscando a felicidade


Uma questão em relação às eleições e à felicidade da Psicologia da Felicidade



Imagem de Niek Verlaan por Pixabay


          Para os utilitaristas, qualquer pessoa deveria tomar suas atitudes com a finalidade de proporcionar a maior quantidade de felicidade para o maior número de pessoas. Disso se conclui que, para eles, ao se pensar em um candidato, deveríamos pensar em votar naquele que proporcionasse o melhor para a nação como um todo (e por que não para toda a humanidade).
          Contudo, segundo a minha opinião, essa seria uma escolha errada. Para começar, pouco se sabe a respeito das reais intenções dos candidatos (E a maioria das pessoas vota mesmo é por identificação, ou com o candidato, ou com o partido). Além do mais, como saber se o que ele propõe irá causar a maior quantidade de felicidade para o maior número de pessoas?
          A única coisa que você pode ter noção, entretanto, é o quanto de felicidade as propostas dele poderão lhe beneficiar. Portanto, vote pensando na sua felicidade, não na dos outros! Parece uma visão completamente egoísta, mas pense assim. Se todos votarem tentando adivinhar o que será melhor para os outros no geral, poderão todos seguir uma visão errada, como já disse. Por outro lado, se todos votarem pensando na sua felicidade, o candidato vencedor será aquele que beneficiará a maior parte da população (pois ganhou o maior número de votos). Isso que é a real democracia!
          E não está correto o contra-argumento que afirmaria que a soma das felicidades individuais poderia não resultar no crescimento da nação como um todo e, dessa forma, todos acabariam sendo prejudicados. Isso porque, quando uma pessoa individualmente pensar em sua felicidade na hora de votar, na grande maioria dos casos, ela também estará levando em consideração o crescimento da nação, pois isso torna-se benéfico para a maioria.
          Claro, aqui se fala na maioria; ou seja, haverão casos em que uma pessoa votará em um candidato, por exemplo, porque será diretamente beneficiado por ele, embora saiba que, no total, o candidato poderá não ser o melhor para o país. Mas isso está correto, segundo o meu argumento. Se o candidato for benéfico para este e para outros poucos indivíduos, mas maléfico para a maioria, ele perderá as eleições. Volto a afirmar: isso é a real democracia.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Praia Paradisíaca

A vida não é fácil para quem trabalha ou estuda... Passamos horas debruçados sobre projetos, planos, enquanto que poucos acabam sendo os momentos em que podemos descansar e aproveitar a vida sem pressões externas, sem as inúmeras obrigações do dia a dia. Estamos sendo felizes?

Por que você não está num lugar como este?

Imagem de Björn Hermansson por Pixabay


Algumas vezes poderíamos nos questionar se não seria melhor abandonar todas nossas ambições de futuro para viver mais no presente. Por exemplo, poderíamos vender todos nossos pertences, comprar uma casa em alguma praia paradisíaca e arrumar um emprego lá mesmo, algo mais humilde, porém o suficiente para manter as contas em dia e que não consumisse tanto tempo. Seríamos mais felizes?

Comentário adicionado em 19/09/13:


Lendo agora esse texto que escrevi há algum tempo, percebo que talvez já tenha uma resposta para essa questão. Para tanto, retiro na íntegra uma parte do meu TCC, em que resumo uma das partes mais importantes sobre a concepção de felicidade para Aristóteles:

A partir de então, torna-se necessário definir a felicidade, e inicia-se esse processo. Para tanto, seria mais fácil se se pudesse determinar primeiro qual a função do ser humano. Por exemplo: se a função do olho é olhar, então, sua finalidade será mais bem alcançada quanto melhor ele puder exercer essa função. Um tecelão será um melhor tecelão quanto melhor exercer sua atividade. Portanto, se existe uma função inerente ao ser humano, o sumo bem inerente a ele (ou a suas ações) será a melhor execução de suas funções (EN 1, 1097b20-1098a1). Além disso, considera-se que um bom ser humano é aquele que realiza bem suas funções, o mesmo se dizendo em relação ao olho, ao carpinteiro, ao escultor.

Essa parte, em seu contexto, resume que, na concepção de Aristóteles, um ser humano é feliz quando realiza bem suas funções. Essa faz-se a base de tudo para a compreensão da felicidade em Aristóteles. É buscando a função do ser humano que ele começa a delinear como ele pode alcançar a felicidade. Enfim, no geral, é essa a ideia.

Com base nisso, posso fazer uma associação com a questão da postagem. Como alguém poderia ser feliz sem fazer quase nada? Quer dizer, se alguém tem uma habilidade única para ajudar pessoas, pode encontrar um sentido para a sua vida na realização de atividades que tornam essa capacidade aplicada da melhor forma possível (numa profissão como bombeiro, enfermeiro, médico). Alguém que tem habilidades artísticas, provavelmente sentir-se-á mais feliz com a realização de tarefas nesse sentido. Enfim, todos nós temos inúmeras habilidades e nos sentimos felizes com a prática de atividades que exploram-nas o máximo possível. Claro, trabalho de mais estressa-nos e causa desprazer, o que pode nos fazer sentir necessidade de tirar férias de tudo (num local como no do texto, se possível). E cada um encontrará, assim, a sua medida, as suas atividades.




segunda-feira, 12 de março de 2012

Feitiço do Tempo - Reflexões sobre o filme

Acabei de assistir ao filme Feitiço no Tempo, aqui em casa. O filme é antigo, de 92, porém, poder-se-ia fazer uma ótima reflexão a respeito dele, em relação ao que venho estudando de Aristóteles e ao que acredito sobre felicidade.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay


          A história é sobre um repórter do tempo que vai fazer uma cobertura a respeito do Dia da Marmota, festividade tradicional que ocorre ao dois de fevereiro em uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Ele, um cinegrafista e uma auxiliar. O problema é que ele não dá a mínima para aquilo, pois vive de mal com a vida e só pensando em si. Então, ele faz o que tem que fazer e se encaminha, com seus dois colegas de trabalho, de volta para casa. Contudo, contrariando as expectativas climatológicas que ele mesmo havia anunciado pouco tempo atrás, uma frente fria se estabelece na região e a estrada é bloqueada, obrigando-os a passar mais uma noite na tal cidade. Contrariado, volta sozinho para o hotel e dorme. Então, quando acorda, estranhamente, todos os acontecimentos do dia anterior voltam a se repetir. E no dia seguinte o mesmo ocorre, e no seguinte, e no seguinte. E, assim, ele passa inúmeros dias revivendo o tão odiado Dia da Marmota que ele tanto queria se ver livre.
          No início, ele faz de tudo para se ver livre da maldição, coisa que qualquer um faria. Em seguida, quando descobre que, não importa o que ele fizer, no outro dia não verá as consequências de seus atos, ele começa a tirar vantagem disso. Sai de carro bêbado e loucamente por aí, se envolvendo com a polícia; beija a velhinha que lhe recepciona no café da manhã; dá um soco na cara do homem que lhe chateia quando está a caminho da reportagem; etc. Ou seja, passa a viver cada dia como se fosse o único.
          Em seguida, ele descobre que pode tirar vantagem da repetição de seus dias para conseguir o que quer. Por exemplo: sabendo exatamente qual a sucessão dos fatos, pôde calcular cada passo para roubar um malote de dinheiro de dois guardas velhinhos que se distraiam com uma senhora. Outro exemplo: descobriu que poderia levar uma mulher para cama facilmente, pois, se algo na conquista falhava em um dia, no outro a mesma conquista era aplicada, porém com o erro consertado. No entanto, ele se descobre atraído por Rita, sua assistente, porém não consegue levá-la para cama, por melhor e mais aperfeiçoada que fosse sua conquista. O que se entende é que ela é do tipo que só se apaixonaria por alguém que não fosse tão egoísta, e ele sempre acabava a deixando ver que ele não era desse tipo. Por fim, ele se cansou, e desistiu disso. Por alguns dias se matou, mas sempre acordou da mesma forma na manhã seguinte.
          Então, veio uma fase em que ele desistiu disso tudo. E parece que buscou uma vida mais tranquila, de auto aperfeiçoamento. Encontrou uma professora de teclado e começou a ter aulas todos os dias. E o mesmo em relação a outras artes. Aparentemente, eram coisas que ele sempre quis fazer e nunca tinha tido tempo. Ou seja, ele estava convivendo consigo mesmo, aceitando seus dias, por piores e repetitivos que fossem. Não mais tinha que se preocupar tanto com o amanhã, porém não mais tomava atitudes agressivas em relação aos outros.
          Um dia deu um maço de dinheiro enorme para um mendigo que sempre lhe pedia dinheiro. Nesse mesmo dia (ou em outro repetido), encontrou-o à noite tremendo de frio. Resolveu levá-lo ao hospital. Logo veio a notícia de que ele havia morrido, morrido de velho. Consternado, fez inúmeras tentativas, nos dias seguintes, para que o velhinho não morresse, mas não conseguiu: aquele parecia mesmo ser o seu dia. Nos dias seguintes, mostrou-se muito mais altruísta, ajudando quem pudesse ajudar.
          Ao fim do filme, o personagem havia se tornado um "super homem", dotado de muitos talentos, não mais necessitando conquistar um amor (mas amando e sendo amado por uma atração criada naturalmente, devido às características atrativas de um para o outro reciprocamente) e, finalmente, eu diria, FELIZ. Quando tudo se completa, e, finalmente, ele passa a noite na companhia de seu amor, o dia passa, e ele acorda no dia seguinte.
          O mais interessante que achei foi que as características que o personagem adquiriu ao fim do filme eram mais do que a de um homem altruísta e feliz, mas de um homem feliz conforme a concepção de Aristóteles.


          Bom, meus amigos, é um filme antigo, mas bem bom de assistir. Espero que eu não tenha viajado muito nos simbolismos, hehe. Obrigado por acompanharem minhas publicações. Graças a vocês que continuo escrevendo. Até mais!